Empresa não vê condições desfavoráveis no mercado de capitais decorrente da guerra na Europa a ponto de depreciar ativos em todo o mundo, fator que poderia inviabilizar a operação
A Eletrobras ainda trabalha com a perspectiva de que a capitalização da empresa ocorra até 13 de maio, a data limite que utiliza como base os resultados anuais, divulgados na noite da última sexta-feira, 18 de março. Nesse período, o Tribunal de Contas da União deverá aprovar o valor mínimo das ações, a avaliação da empresa (valuation) feito por duas empresas diferentes contratadas pelo BNDES, a estatal deverá apresentar à CVM a oferta e se aprovada publicar com antecedência para viabilizar a operação de emissão de ações, e ainda fazer o roadshow da operação. Caso perca a data, a próxima data limite, referente aos resultados do primeiro trimestre de 2022, vai até meados de agosto.
“Não há nenhuma restrição se perdermos essa janela, poderemos realizar a operação nessa nova janela segundo as regras da CVM e da SEC (órgão equivalente nos Estados Unidos à CVM)”, afirmou o presidente da empresa, Rodrigo Limp em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira, 22 de março.
Por enquanto o conflito armado na Europa não é classificado como algo que possa mexer com os mercados de capitais globais a ponto de inviabilizar a operação. Vale lembrar que o executivo e a diretora de Financeira e de Relações com Investidores, Elvira Presta, disseram no ano passado que somente condições adversas do mercado que derrubassem o valor das ações da empresa na bolsa da valores, a ponto de ficar em um preço abaixo do mínimo que o TCU estabelecerá, é que poderia inviabilizar a operação.
Limp avalia que no momento não há essas condições e que a empresa está acompanhando continuamente as oscilações de mercado atuais. E afirmou ainda que essa volatilidade de preços vai muito da visão dos investidores, mas que a estatal trabalha com um viés de que há um interesse grande nos papeis que a companhia emitirá nessa operação.
“Estamos otimistas em efetivar a operação nesse prazo de 13 de maio, avançamos bastante e a realização da assembleia de acionistas, com o fechamento de resultado no prazo que atende o cronograma”, acrescentou ele. “Caso não seja possível, passamos para a próxima janela”, reforçou.
Ativos
O grande investimento que a empresa vem fazendo é Angra 3. E a Eletrobras ajustou a data de entrada em operação da terceira central termonuclear brasileira. Agora a nova estimativa é de novembro de 2027, um ano a mais quando comparado ao cronograma anterior. A Eletrobras continua com o plano de aceleração do caminho crítico e espera a definição da tarifa da usina pelo CNPE. Esse valor será conhecido após a conclusão dos estudos contratados pelo BNDES.
Sobre as vendas de ativos, a companhia concluiu a alienação de SPEs ao ficar com 79 sociedades ante as 178 de 2016. Agora, disse Elvira, esse processo está terminado. A companhia se volta para a venda de ações de empresas chamadas coligadas, onde a Eletrobras tem ações que estão dadas em garantias em processos judiciais.
“Faremos a alienação dessas ações que constam em nossa demonstração de resultados quando conseguirmos liberar esses papeis”, descreveu a diretora.
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